quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tesouro Arqueológico - O Naufrágio de Mahdia






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Certo dia, no ano de 1907, Alfred Merlin, diretor da arqueologia tunisiana, então sob administração colonial francesa, caminhando por entre o mercado de Mahdia, um pequeno lugarejo da Tunísia situado à beira do Mediterrâneo, deparou-se com pequenas estátuas gregas de bronze lá expostas. De onde viera aquilo, indagou ele? Logo lhe indicaram uns caçadores de esponja, uns pobres pescadores gregos que viviam de mergulhar no fundo do mar. Não

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Merlin e Cousteau, pai da arqueologia submarina
demorou para que lhe informassem a direção do achado, distante mais ou menos há uns cinco quilômetros da costa. Merlin, desde então, até o ano de 1913, não mediu esforços para arrancar do fundo do mar aquilo que passou a ser um dos maiores achados arqueológicos de todos os tempos, composto por colunas e centenas de ânforas e outras esculturas de origem grega. Com ele, uma nova disciplina, uma nova ciência, ganharia vulto: a arqueologia marinha.

As expedições a Mahdia

Merlin coordenou várias equipes de mergulho, até cessarem os recursos em 1913. Gravíssimos problemas ocorriam com os escafandristas e bem pouco sabia-se sobre os problemas que eles sofriam quando deixados em grandes profundidades. Muitos dele morreram de embolia por não saberem como voltar à superfície. Mesmo assim, um significativo número de peças de mármore e de bronze foram retiradas dos braços de Netuno, todas elas depositadas no Museu Bardo de Túnis (hoje Musée National Bardo). As novas pesquisas somente foram retomadas trinta e cinco anos depois, em 1948, graças ao esforço de Phillippe Taillez e ao comandante Jacques-Yves Cousteau (considerado o verdadeiro pai da arqueologia marinha moderna). Se as condições de mergulho melhoraram sensivelmente, não apenas nos aparelhamentos, mas também na sua ciência, o local explorado continuava com os mesmos problemas: as águas de Mahdia continuavam perigosas e muito turvas, dificultando enormemente o descortino dos mergulhadores.

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O mapa primitivo da localização do naufrágio (croqui feito por Merlin, 1907)


Um achado impressionante


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Aspirando o fundo do mar
Em 1954/55, foram feitas novas tentativas, sem grandes resultados. Finalmente, no começo da década de 90, entre 1992/3, uma nova equipe conseguiu avançar mais do que todas as outras. A esta altura, novos instrumentos exploratórios entraram em ação e o computador foi fundamental para mapear as peças encontradas no fundo da areia,

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Invadindo o reino de Possêidon (Netuno)
cobertas de corais e musgos. O achado foi impressionante, o naufrágio de Mahdia apontava a existência de mais de 60 colunas gregas com um peso total estimado em 200 toneladas. Grande parte do material anterior fora profundamente afetado por um incêndio que devastou uma ala do Museu Bardo em Túnis, o que fez com que as peças, por meio de um acordo, fossem removidas para o Museu Estadual de Bonn, onde os arqueólogos alemães haviam desenvolvido avançadas técnicas de recuperação de objetos queimados (resultantes das destruição provocadas pela II Guerra Mundial).

A origem do tesouro


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Moeda romana
De onde afinal viera aquilo tudo? Que barco afundara com aquela carga impressionante? Hoje há um certo consenso em acreditar-se que as colunas e demais peças resultaram da pilhagem sofrida por Atenas pelo general romano Sila (entre os anos de 86-83 a.C.). Boa parte delas poderiam ter sido extraídas dos templos da cidade e do célebre altar dedicado a Zeus, existente na acrópole de Atenas, um dos mais belos da antigüidade. É bem possível que o barco tenha se afastado da rota do Pireu ao porto de Óstia e, talvez, pelo efeito de uma tempestade, naufragado na costa da Tunísia. Seja como for, até agora não se encontrou nenhuma pista que explique o acidente.

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